O café, uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros, teve um aumento de 77,78% no preço nos últimos 12 meses até março, segundo o IBGE. Só em 2025, a alta acumulada já chega a 30%. A elevação foi puxada principalmente pela quebra de safra no Vietnã, maior produtor do café robusta, e por problemas climáticos no Brasil, além do aumento do custo para transportar o produto.
Em março, o preço do café subiu 8% em relação a fevereiro. E a tendência é que continue em alta, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que já havia alertado sobre os repasses de custo que ainda estavam por vir.
Safra menor e clima desfavorável
O Brasil, maior produtor mundial de café, também enfrenta desafios. A safra de 2025 deve ser 5,8% menor em relação à anterior, com queda de 10,6% na produção do tipo arábica, mais sensível ao clima e mais valorizado por seu sabor. As plantações sofreram com calor excessivo, seca prolongada e, nos últimos anos, até geadas.
Com o estresse provocado pela falta de água, muitas plantas abortaram os frutos para sobreviver. “Mesmo com irrigação, o calor extremo prejudicou muito. Muitos produtores optaram por podas drásticas para recuperar as lavouras para o próximo ano”, explica Cesar Alves, consultor do Itaú BBA.
Oferta menor e consumo em alta
Mesmo com os preços altos, o consumo de café segue firme no Brasil e no exterior. A China, por exemplo, já é o 6º maior comprador de café brasileiro, ampliando a demanda e diminuindo a oferta interna.
O café robusta, usado em misturas com o arábica para o café tradicional vendido nos mercados, também está com o preço em alta, após a quebra de safra no Vietnã. Pela primeira vez em sete anos, seu valor superou o do arábica.
Exportação mais cara
Além da baixa produção, o custo para exportar também aumentou. As tensões no Oriente Médio atrasaram rotas de navios, elevaram o preço dos contêineres e congestionaram o comércio global. No Brasil, a infraestrutura portuária limitada também impacta a velocidade de envio dos grãos para o exterior.
Quando o café pode voltar a ficar mais barato?
Segundo especialistas, os preços só devem começar a cair a partir de setembro, com o fim da colheita. E a expectativa de uma safra recorde em 2026, caso o clima colabore, pode ajudar a reduzir o preço ao consumidor.
Enquanto isso, algumas indústrias planejam lançar embalagens com quantidades menores de café, oferecendo novas opções de preço para aliviar o impacto no bolso do consumidor.