
O julgamento do caso Ana Beatriz, previsto para o fim deste mês, foi suspenso por decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). A medida foi tomada após um dos réus apresentar um pedido de desaforamento, solicitando que o júri seja realizado fora da comarca de Rio do Sul.
A solicitação foi feita pela defesa de um dos acusados, que responde ao processo em liberdade. O argumento é que a forte comoção popular em torno do crime poderia comprometer a imparcialidade dos jurados, já que o caso ganhou grande repercussão na região ao longo dos anos.
Além disso, a defesa apontou que parte da cobertura da mídia regional teria assumido caráter sensacionalista, influenciando a opinião pública e criando um ambiente desfavorável para os réus.
O desembargador Leopoldo Brugmann foi o responsável por acatar o pedido inicial, destacando em seu despacho que, embora a comoção social isoladamente não justifique a mudança de comarca, a ampla exposição do caso nas redes sociais e veículos locais exige uma análise mais aprofundada.
“A simples comoção social por si só não é motivo suficiente para deslocar a competência do Tribunal do Júri. Contudo, pelas últimas notícias veiculadas, observa-se que o caso tomou uma proporção que requer exame mais detalhado sobre a possível influência na imparcialidade dos jurados”, escreveu o magistrado.
A decisão ainda não é definitiva. O Ministério Público e a assistência de acusação têm prazo de dez dias para se manifestar antes que o TJSC defina se o julgamento será ou não transferido para outra comarca.
O crime que chocou o Alto Vale completa dez anos em março de 2026. Ana Beatriz, então com 12 anos, desapareceu após sair de casa para ir à escola. No dia seguinte, seu corpo foi encontrado dentro do baú de um caminhão, no bairro Barra da Itoupava, em Rio do Sul.
As investigações levaram à prisão de três homens em 2020, quatro anos após o crime. Atualmente, apenas um deles permanece detido; os outros dois aguardam o desfecho do processo em liberdade.
A emissora que divulgou as reportagens recentes sobre o caso informou que o conteúdo se limitou a noticiar a data do julgamento e relembrar os fatos, sem expor os nomes dos réus, reafirmando o compromisso com o jornalismo isento e responsável.